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Arquitetos: 70°N arkitektur, Joar Nango, Snøhetta
- Área: 7200 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Lars Petter Pettersen
Descrição enviada pela equipe de projeto. Snøhetta, junto com 70°N Architects e o artista Joar Nango, foi responsável pela proposta vencedora do concurso arquitetônico para um novo teatro Sami e um edifício escolar em 2021. Recentemente, o edifício foi inaugurado. O nome Čoarvemátta vem das palavras Sámi para chifre e raiz, referindo-se à parte mais interna e mais forte dos chifres de rena. Isso simboliza diferentes qualidades e forças e representa elementos que unem, já que, Čoarvemátta será uma força unificadora para as instituições que compartilham o edifício: o Teatro Nacional Sami Beaivváš, a Escola de Ensino Médio e a Escola de Pastoreio de Renas Sami.
"Estamos orgulhosos de ter contribuído para colocar este edifício tão aguardado e importante em seu lugar. Um teatro combinado com uma escola de pastoreio de renas é um programa divertido de se trabalhar para um arquiteto. É o testemunho de uma boa arquitetura na qual duas instituições não interoperáveis são conectadas com sucesso. O projeto também proporciona um uso excepcionalmente bom dos recursos que desempenham um papel vital no artesanato tradicional Sami, o duodji. "A parte mais interna do chifre de rena também simboliza diferentes qualidades e forças e representa elementos que unem, assim como esperamos que Čoarvemátta seja uma força unificadora para as instituições que compartilham o edifício e para a comunidade Sami em geral", diz Kjetil Trædal Thorsen, sócio-fundador da Snøhetta.
Design e Arquitetura - O novo edifício está localizado em meio ao Finnmarksvidda, o maior e mais ao norte planalto da Noruega. As quatro fachadas do volume se relacionam com os diversos espaços da paisagem que o cercam de diferentes maneiras. Ele está inserido na paisagem e possui proporções que harmonizam com as colinas e alturas ao redor, sem ângulos agudos rompendo as formas orgânicas. O telhado inclinado em dois lados (norte, sul) minimiza a altura do projeto visto à distância, e ao mesmo tempo cria uma situação de entrada em direção ao acesso a partir do sudoeste. O novo espaço compartilhado tem uma forma ramificada, com uma entrada principal e um hall localizados em seu centro, criando um local de encontro para os usuários da escola e do teatro. A partir daqui, o corpo do edifício se estende em três direções - com alas para o teatro, oficinas, salas de aula e a administração da escola. As linhas curvas, o hall com claraboias, como um reahpen, e a estrutura de madeira aparente são inspirados em estruturas típicas das áreas Sami de pastoreio de renas, como o lávvu. "A forma do edifício surge da ideia de criar um volume unificado para o teatro e a escola, e de reunir as funções em torno de um ponto de conexão - o local de encontro. Elementos também foram trazidos das tradições de construção Sami - a claraboia no hall, a estrutura de suporte visível e o telhado unificador com sua forma suave que se abre em direção à entrada," diz Bård Vaag Stangnes, arquiteto sênior no Snøhetta e líder do projeto Čoarvemátta.
Materiais e cor - A fachada é feita de elementos verticais de madeira. O telhado maciço mede 4930 m2 e é revestido com 34.000 metros de kebony. A ardósia na parede do teatro foi reutilizada da antiga escola primária da vila, que foi demolida. Dentro do hall e dos corredores, os pisos de concreto polido imitam o solo no exterior do edifício, com elementos de pedra extraída localmente, incluindo ardósia e quartzito, em várias tonalidades de cinza e verde. O centro do volume, foyer e salas de teatro, é pintado em tons quentes de vermelho. A paleta de cores, no entanto, se torna mais fria quanto mais longe da fonte o usuário está, com tons azulados em cada extremidade das alas do edifício. Os contrastes entre porta, parede e piso dentro das diferentes paletas de cores apresenta referências claras ao uso da cor pelos Sami. Isso cria um forte contraste com o exterior do edifício, que é revestido de branco na maior parte do ano.
Paisagem - A forma ramificada cria naturalmente três ambientes ao ar livre. O que está voltado para o sul constitui a entrada principal e um espaço à sua frente. O pátio é um espaço íntimo e circular com uma fogueira, pedras para se sentar e um anfiteatro. As pedras foram retiradas do planalto logo ao lado, e esse espaço flexível pode ser utilizado tanto pela escola quanto pelo teatro. A ardósia usada vem de uma pedreira próxima ao local da construção. A área externa, do outro lado da ala do teatro, é destinada às oficinas da escola, protegida das vistas e do vento predominante de Finnmarksvidda. Ao norte do volume, grandes áreas foram reservadas as renas, que estão diretamente ligadas ao departamento de pastoreio e foram construídas por especialistas locais. Do lado leste, o planalto se encontra com o edifício de maneira natural, e o terreno e a vegetação foram preservados próximos à edificação.
Aquecimento natural do solo - Čoarvemátta atende aos requisitos do padrão Passive House, o que significa que o edifício possui um ótimo conforto térmico e requisitos energéticos extremamente baixos. O edifício é 90% autossuficiente em energia para aquecimento e resfriamento, graças à 40 poços geotérmicos perfurados a cerca de 250 metros no solo. Os poços alimentam duas bombas de calor que tanto aquecem quanto resfriam o edifício. Nos dias mais frios do inverno, o sistema é complementado com um boiler elétrico. Ao longo de todo o canteiro de obras, o solo removido foi preservado, e a camada superior foi temporariamente armazenada e posteriormente devolvida a todas as superfícies ao redor do edifício para que os estoques de sementes permaneçam intactos. Restaurar a paisagem do planalto leva tempo, pois novas plantas com novas raízes impedem que as sementes originais germinem. No pátio, uma pequena quantidade de grama foi semeada, e isso foi feito excepcionalmente para permitir que o pátio se torne verde mais rapidamente. "A cultura Sami não tem tradição de cultivar paisagens em parques e espaços urbanos. Quando você sai do lávvu, está diretamente na natureza - na paisagem," diz Thea Kvamme Hartmann, arquiteta paisagista sênior. "Muito daquilo que o projeto fez, portanto, foi criar uma estratégia de como a área pode ser replantada e o planalto retornar a cercar o edifício após o término da construção."
Sinalização. Snøhetta também desenhou o projeto de sinalização e design gráfico que segue a linguagem da edificação e funciona de forma complementar à arquitetura, design de interiores e paisagismo. É principalmente funcional mas, tal como o edifício, também tem referências sutis ao artesanato tradicional e à utilização de materiais. As placas são feitas de aço e elementos gráficos, incluindo tipografia e pictogramas, refletem o alinhamento do edifício. A iconografia é amplamente utilizada para facilitar a leitura à distância e para atender aos requisitos do multilinguismo (Norte, Sul, Lule Sami e Bokmål). Obras de arte encomendadas - KORO, o órgão profissional do estado norueguês para a arte em espaços públicos, foi responsável pela aquisição de obras para Čoarvemátta. Um total de seis novas obras de arte foram criadas para o novo edifício. Após um concurso fechado, a artista Máret Ánne Sara foi convidada para desenhar a cortina do palco do teatro. Já Britta Marakatt-Labba é uma das mais conceituadas artistas contemporâneas de Sápmi e criou o bordado Miin Duoddarat / Our Plains, com referências diretas à história do teatro, para a sala comum do edifício. Além das novas obras, duas maiores e existentes de dois dos artistas mais famosos e influentes de Sápmi, Aage Gaup e Iver Jåks foram transferidas do antigo prédio da escola para o novo.